Jeep cancela híbrido plug-in da picape Gladiator

Modelo seria a primeira camionete híbrida da série mais off-road da marca; diversos fatores afetam a decisão

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Publicado em: 23 de setembro de 2025

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Editado em: 26 de setembro de 2025 03:09

No que se configura como um movimento estratégico e inesperado, a Stellantis, conglomerado automotivo por trás da Jeep, confirmou o cancelamento da tão aguardada picape Jeep Wrangler Gladiator 4xe, a versão híbrida plug-in do modelo.

A picape seria a segunda a incorporar a bem-sucedida tecnologia híbrida plug-in da marca, já presente nos populares Wrangler 4xe e Grand Cherokee 4xe. O sistema, que combina um motor a gasolina turbo de 2.0 litros com dois motores elétricos, é amplamente elogiado por oferecer uma combinação de desempenho robusto e eficiência energética, além da capacidade off-road.

Foto promocional da picape Jeep Gladiator
Gladiator com motorização convencional | Jeep / Divulgação

O Gladiator 4xe é o segundo modelo eletrificado da Stellantis cancelado em um curto período, seguindo a recente descontinuação da Ram 1500 REV em favor de uma versão com extensor de autonomia, o Ramcharger. Em ambos os casos, as razões citadas são a rentabilidade.

Picapes 100% elétricas não estão tendo a mesma aceitação que outros formatos de veículos. O exemplo mais óbvio é o Cybertruck, dos quais a Tesla esperava vender entre 250 mil e 500 mil anualmente, mas só se concretizaram 40 mil registros nos EUA. Ainda que a Tesla em si esteja encontrando dificuldades por múltiplas razões, a tradicional Ford também enfrentou problemas com a F-150 Lightning, que teve 33 mil vendas para 200 mil reservas no ano passado.

Parte das razões são as mesmas para a resistência à eletrificação em geral: preço, falta de infraestrutura e ansiedade de autonomia – que é agravada no caso da caminhonetes pela natureza de seu uso com uma carga (e peso) altamente variável, o que faz com que seu alcance também seja muito variável. Carros não levam tanta carga e caminhões sempre estão carregados, sem essa variação tão grande. Caminhões também não são usados como transporte pessoal.

E há ainda um fator cultural, que possivelmente é o mais importante em se falando de um híbrido plug-in (o que evita a ansiedade de autonomia): o de que compradores de caminhonetes tendem a ser de diversas formas mais conservadores, com a um apego à velha cultura do barulho e fumaça e à percepção de veículos elétricos como menos masculinos. É provável que as picapes elétricas sejam adotadas primeiro nas cidades, de forma utilitária, sem cabine dupla, antes de conquistar os corações dos cowboys do asfalto.

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