Em um evento em São Paulo, a Leapmotor anunciou hoje que começará a vender seus modelos no Brasil em novembro. Após vender 66 mil unidades em setembro no mundo – sua máxima histórica, no mesmo mês em que o milionésimo carro cruzou sua linha de montagem, o jovem fabricante chinês, que vendeu seu primeiro carro em 2019, chega aqui com o apoio da Stellantis que é acionista majoritária de sua operação internacional.
A novata contará com a logística da matriz para facilitar a distribuição de peças no Brasil (a Stellantis possui múltiplas marcas familiares do público brasileiro, como Fiat, Peugeot e Citröen), inicialmente em 36 concessionárias.
Como uma locomotiva
A marca chega com dois modelos, o B10 e o C10, ambos SUVs crossover, o primeiro sendo um compacto (4,515 x 1,885 x 1,655 m, 1670 kg) e o segundo, um médio (4,740 x 1,900 x 1680 m, 1940 kg). O B10 é um elétrico puro (BEV), enquanto o C10 terá tanto uma BEV quanto um conceito diferente de híbrido, o REEV.
Visto pela última vez no Brasil no BMW i3 REx, de mais de 10 anos atrás, REEV vem de range extended electric vehicle (“veículo elétrico com extensão de alcance”). É basicamente um carro com conjunto elétrico como um BEV, com uma bateria mais compacta, acrescido de um gerador a combustão interna e um tanque de combustível.
Quando não há bateria (ou em várias outras situações em que o software julgue necessário), o gerador produz energia para alimentar os motores em tempo real. Mesmo saindo com bateria zero (ou gasolina zero se tiver bateria) é só ligar.
Não é uma tecnologia exótica. É basicamente como locomotivas diesel elétricas funcionam há muitas décadas. A locomotiva é basicamente um gerador a diesel, que produz energia para os motores elétricos ligados às rodas. A novidade é que o REEV tem uma bateria e pode operar como um híbrido plug-in.
Os motores elétricos traseiros do C10 produzem 215 cv e ele vai de 0 a 100 km/h em 8,5 s. A bateria é de 28,4 kWh, dando para uma autonomia puramente elétrica de 145 km (na medição WLTP). Saindo com a bateria e o tanque cheio, sua autonomia pode chegar a até 950 km. O B10 tem a mesma motorização, mas, sendo mais leve, seu 0 a 100 é de 8 segundos. A bateria de 67,1 kWh (a opção maior) dá para 600 km (também WLTP).
Esses são números das versões chinesas. Não há ainda confirmação para as versões que virão ao Brasil, ou resultados no padrão Inmetro, mas dificilmente serão muito distantes disso.
Sem ansiedade de autonomia, diz Leapmotor
A aposta da Leapmotor, por seus executivos, parece ser mais no REEV. “Isso combina o melhor dos dois mundos”, afirma Marcio Tonani, vice-presidente sênior de engenharia de produto da Stellantis na América do Sul. “Entendemos que o híbrido vai abrir um leque de possibilidades para que nossos clientes possam escolher”.
Tonani menciona o velho temor dos compradores em potenciais de elétricos: a ansiedade de autonomia. Um REEV responde a isso entregando um carro que dirige como elétrico, silencioso como elétrico, mas tem o gerador de emergência, e com uma autonomia colossal, superando em muito qualquer outro tipo de veículo, inclusive os a combustão interna.
Só mataria um pouco o propósito (em termos ambientais) se o dono usasse combustível o tempo inteiro – e só vai haver versão a gasolina inicialmente. Mas o carro pode ser usado como um híbrido plug-in (PHEV) no dia-a-dia, deixando o gerador para viagens mais longas. E, mesmo rodando com gasolina, o conjunto é bem mais eficiente.