Líder global em vendas, indústria de carros elétricos da China enfrenta problemas por excesso de produção

Líder global em veículos elétricos, China enfrenta problemas de excesso de produção causados por anos de subsídios e políticas governamentais

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Publicado em: 23 de setembro de 2025

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Editado em: 23 de setembro de 2025 05:09

Líder global em vendas, indústria de carros elétricos da China enfrenta problemas por excesso de produção

A indústria de carros elétricos da China cresceu de forma avassaladora nos últimos anos por conta de anos de subsídios e políticas governamentais, mas isso gerou outro problema, o excesso de produção. Como as metas de subsídios premiam a produção de carros elétricos e não sua comercialização, o resultado direto tem sido o excesso de oferta para a demanda, ou seja, a quantidade de EVs disponíveis para venda supera e muito a capacidade de compra da população chinesa. 

Indo além, a produção de carros elétricos na China supera até mesmo a demanda global. Neste artigo investigativo, a Reuters mostra que a indústria está mais interessada em atingir metas de produção para ganhar estímulos do governo do que realmente atender a demanda, seja ela interna ou externa. Com preços a partir de US$ 10 mil, fica difícil para que os fabricantes tenham lucro. Além disso, com pátios lotados de carros não vendidos, os concessionários também não conseguem lucrar, e precisam fazer promoções cada vez maiores, reduzindo os preços. 

Parte dessa produção vai para sites como o Zcar, que vende Audis fabricados na China com 50% de desconto, ou um SUV da chinesa FAW por US$ 22.300, 60% do seu preço sugerido, conforme a apuração da Reuters. Outros são vendidos em redes sociais em ofertas, ou ainda exportados como veículos “seminovos”, mesmo que com a quilometragem zerada. 

O paradoxo do líder com pátios lotados

O paradoxo é claro, a China é líder em vendas de veículos elétricos há uma década, com impressionantes 11 milhões de unidades comercializadas no ano passado, mas ainda assim ainda sofre com estoques encalhados e margens de lucro negativas.

Mas, como a situação chegou nesse ponto? É simples, governos locais ofereceram terras com preços acessíveis e subsídios para montadoras em troca de metas de produção e receita fiscal, buscando aumentar a oferta de empregos e a arrecadação. 

Segundo informações do Instituto de Pesquisas Automotivo Gasgoo (Gasgoo Automotive Research Institute), consultoria ouvida pela Reuters, as fábricas da China têm a capacidade de produzir o dobro dos 27,5 milhões de carros fabricados no ano passado. Outra consultoria, a AlixPartners, acredita que só 15 das 129 marcas de carros elétricos ou híbridos da China serão financeiramente viáveis até 2030. 

Conheça a história dos subsídios do governo chinês para a indústria de EVs

Tudo começou em 2009, quando o governo da China lançou um programa estimulando os fabricantes a produzirem veículos elétricos, assim como o seu consumo pela população local. Em 2017, o governo lançou um extenso documento chamado “Plano de Médio e Longo Prazo para o Desenvolvimento da Indústria Automotiva”, que incluia a meta de produção de 35 milhões de EVs até 2025, ou o equivalente ao dobro do recorde de venda anual nos Estados Unidos. 

Entenda a situação da gigante BYD

A BYD, líder em vendas no mercado, também tem ajustado suas metas de vendas para refletir essa nova realidade. A meta de vendas para 2025, que era de 5,5 milhões de veículos elétricos, foi ajustada para 4,6 milhões. 

Em 2021, o governo de Changfeng, na região de Anhui, conseguiu atrair a BYD com a oferta de terras baratas, e acabou ganhando uma mega fábrica da empresa. A aposta deu certo, e em 2023, o crescimento econômico da região passou a média nacional chinesa em 9,1%. No ano passado, o resultado foi 5,6% melhor que a média de crescimento chinesa. 

O que vem por aí? 

Por enquanto, o governo chinês não anunciou nenhum plano para lidar com o excesso de produção de veículos elétricos, assim muitas montadoras seguem fabricando EVs mesmo com prejuízo, para garantir seu fluxo de caixa e continuarem recebendo benefícios fiscais. 

Resta saber se será possível evitar a falência de muitas empresas, o que pode gerar desemprego e queda no consumo. No ano passado, a energia limpa, incluindo EVs, foi responsável por 10% do PIB chinês. De qualquer forma, é possível que a indústria automotiva chinesa passe por grandes mudanças nos próximos anos, e nós iremos acompanhar tudo por aqui. 

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