Por que motoristas de aplicativo estão se tornando a vanguarda da eletrificação?

Sem nenhum idealismo, os profissionais do transporte estão descobrindo as vantagens econômicas dos veículos elétricos

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Publicado em: 3 de outubro de 2025

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Editado em: 3 de outubro de 2025 04:10

Quando a gente fala em razões para comprar um carro elétrico, enfrentar a mudança climática é uma causa frequentemente citada. Mas a realidade pura e crua é que o idealismo das pessoas vai até onde seu bolso alcança. Entre todos os profissionais brasileiros, ninguém iria chamar o motorista de aplicativo médio de idealista – mas é esse profissional que parece estar ocupando o lugar de vanguarda da eletrificação.

Simplesmente porque a matemática incentiva a isso neste momento. Carros elétricos, que já não são caros quanto costumavam ser até bem pouco tempo atrás, acabam compensando o investimento com economias de combustível e manutenção. A startup Joy Energy colheu um relato – ou case study, como se diz em corporativês – que ilustra bem essa ideia. A empresa é uma franquia de eletropostos que conta também com uma frota própria de veículos, fundada em 2024 em Santa Catarina.

O motorista João Costa há três anos trabalha com plataformas de transporte e diz que viu seu lucro real aumentar em cerca de 60% após alugar um veículo elétrico para trabalhar. Até 2023, João utilizava um carro a combustão, enfrentando custos mensais que consumiam grande parte de seu faturamento. “Eu gastava entre R$ 3,5 mil e R$ 4 mil por mês só com combustível, fora a manutenção constante: troca de óleo a cada um mês e meio, filtros, pneus a cada três ou quatro meses. No fim do mês, sobrava pouco, era desanimador”, relata João.

Foto de João costa, motorista de aplicativo que trocou para veículos elétricos, ao lado de seu carro alugado
João Costa, que não se arrepende da mudança | Joy Energy / Divulgação

A mudança veio com a opção de aluguel de um carro elétrico da rede catarinense. Em poucos meses, João Costa observou uma economia mensal próxima de R$ 2 mil, que se traduziu no aumento de 60% no lucro. “Hoje meu único custo é o aluguel do carro. Ganho tranquilidade, consigo aceitar corridas menores que antes não compensavam e ainda trabalho com o ar-condicionado ligado o dia todo, sem medo de gastar demais.”

A estabilidade financeira proporcionada pela margem de economia permitiu um melhor planejamento mensal. “Agora consigo planejar melhor o mês, não preciso ficar correndo atrás de posto mais barato nem me preocupar com manutenção de motor. É outra vida.”

Questionado se voltaria ao carro a combustão, João é categórico: “Para trabalhar em aplicativo, não voltaria nunca. O custo-benefício não compensa. Talvez para uso pessoal em viagens longas, por causa da rede de recarga ainda limitada em algumas cidades. Mas para o trabalho, não troco o elétrico de jeito nenhum.”

Contrariando figuras na própria indústria, Jonathan da Silva, CEO da Joy Energy, diz que a eletrificação é um caminho sem volta: “Quem migra, não volta para o carro a combustão. A eletrificação vai ocupar entre 30% e 50% do mercado brasileiro na próxima década.”

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