Por que as ações da Tesla sobem enquanto as vendas caem?

Subida das ações não tem nenhuma relação com a performance da empresa ou consumidores desejarem (ou rejeitarem) os carros da Tesla

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Publicado em: 2 de outubro de 2025

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Editado em: 2 de outubro de 2025 03:10

Após um período de baixa no início de 2025, as ações da Tesla registaram uma grande recuperação, atingindo US$ 469,72 – próximo da máxima histórica em 17 de dezembro de 2024, US$ 488,54. Considerando uma série de más notícias para a montadora, que registra queda de 16% na renda e 11% no lucro no último ano, o movimento parece um mistério.

Para ser claro, existe uma boa notícia para a Tesla enquanto montadora recentemente. Com a corrida pelos elétricos nos Estados Unidos tentando aproveitar o fim do subsídio agora em outubro, ela acaba de divulgar o recorde de vendas, 497 mil unidades no terceiro trimestre – primeiro trimestre de crescimento em relação ao ano anterior, após dois trimestres de queda. Mas isso já era esperado e havia sido precificado anteriormente pelos investidores – a perspectiva, com o fim do subsídio, é queda. Não faria sentido apostar neste momento por essa notícia.

Ootimismo de Wall Street tem a ver como o próprio Elon Musk definiu a Tesla, como uma “empresa de tecnologia” e não uma montadora. Investidores estão apostando em fatores para as quais as vendas de veículos (e o que os consumidores pensam da marca) não fazem a menor diferença.

A opinião do consumidor não importa

Segundo a análise de Dan Ives, analista da Wedbush Securities, em conversa com o Autoblog, a Tesla está a ser reavaliada pelos investidores devido ao seu potencial em IA e robótica. Ives elevou recentemente o preço alvo máximo da Tesla de $500 para $600 por ação, justificando a decisão com a crença de que os investidores estão “subestimando a transformação em curso na empresa”. Ives considera que o avanço da Tesla no caminho da IA, com a autonomia e robótica “no centro das atenções”, será um fator de mudança que definirá o futuro da empresa.

Durante uma teleconferência de resultados no início do ano, o CEO da Tesla, Elon Musk, já havia desviado o foco do malfadado Cybertruck para os seus planos de robotáxis (Cybercab) e IA. A aposta é que a Tesla consiga criar sua própria frota de robotáxis, no lugar de vender carros para pessoas com opiniões. E que esse serviço supere tanto os atuais serviços que dividem lucros com humanos (Uber) e os concorrentes robóticos como a Waymo e Lyft, que compram carros de outras montadoras. A aposta é que a Tesla, controlando o processo do começo ao fim, se torne mais competitiva que toda as opções.

Ainda que atualmente só existam 30 robotáxis da Tesla em testes, andando com humanos dentro deles – a Waymo divulgou ter 2 mil em agosto, andando já em operação comercial – Ives diz que o serviço estará em 30 cidades dos EUA até o fim do ano que vem.

É uma baita aposta. Até hoje, a Tesla não conseguiu chegar ao nível 3 de autonomia com seu “Full Self Drive”, algo já atingido por outros fabricantes, e enfrenta múltiplos processos pro vítimas de acidentes causados por carros andando “autonomamente”.

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