
A WebMotors divulgou um relatório dos veículos mais beneficiados – em termos de buscas – pelo Programa Carro Sustentável. Os vencedores são basicamente a lista de modelos flex 1.0 produzidos pelas montadoras tradicionais.
Os três maiores beneficiados foram o Fiat Argo, com 37% no aumento de vendas nos últimos dois meses, seguido pelo Renault Kwid, com 19%, e o VW Polo, com 18%.
A lista completa é:
- Fiat Argo +37%
- Renault Kwid +19%
- Volkswagen Polo +18%
- Hyundai HB20S +16%
- Chevrolet Onix +13%
- Fiat Mobi +9%
- Hyundai HB20 -2%
Todos os três modelos já estavam entre os mais vendidos do Brasil antes do decreto entrar em vigor. Segundo o relatório de emplacamentos da Fenabrave, em junho, o Polo e o Argo já eram o primeiro e o terceiro carros mais vendidos do Brasil antes do programa entrar em vigor (no meio deles, ficava o VW T-Cross). No levantamento de agosto, o Argo saltou para a segunda posição. Dada a diferença de vendas, o posicionamento deve se repetir no relatório de setembro. O Kwid estava em décimo lugar e continuou nessa posição entre os meses.
Programa Carro Flex 1.0
O Programa Carro Sustentável, que permite IPI zero para veículos “sustentáveis” tem regras sob medida para manter tudo como está: ele na prática não pode ser aplicado a eletrificados, mesmo os fabricados no Brasil, pela suas regras bem específicas:
- Níveis de emissão de CO₂ menor que 83g por km (ok);
- Conter mais de 80% de materiais recicláveis (ok, carros são recicláveis por definição);
- Ser compacto (ok);
- Ser fabricado no Brasil (ok, mas não basta isso: deve ter todas as de soldagem, pintura, fabricação do motor e montagem no país).
Como os eletrificados compactos ainda importam parte ou o total de seus kits, não foram beneficiados. Então o “sustentável” do governo acabou sendo um carro 1.0 de combustão interna feito por montadoras estabelecidas, como já existe há décadas.
Na prática (até a montagem dos elétricos ser inteira no Brasil, o que não é algo ruim), inicialmente o programa atua para proteger a tecnologia de combustão interna (flex) do rolo compressor dos elétricos chineses. Tem um lado positivo, de beneficiar ao consumidor de menor poder aquisitivo (ainda assim na classe média, porque nenhum zero é realmente acessível) – mas poderia se chamar “Programa Carro Flex 1.0”.