Há indícios de que a Tesla esteja a caminho de encerrar o terceiro trimestre de 2025 com resultados positivos, um desempenho que contrasta fortemente com o declínio contínuo nos últimos dois anos. No entanto, analistas de mercado e especialistas da indústria alertam que isso pode estar mais para último suspiro que respira de alívio, com a empresa a enfrentar ventos contrários que ameaçam o seu crescimento a longo prazo.
De acordo com uma análise publicada no site Electrek, a Tesla projeto um volume de entregas entre 430 mil e 480 mil veículos para o terceiro trimestre. Se a projeção se concretizar, representará um possível crescimento em relação às 463 mil unidades entregues no mesmo período de 2024 (ou um declínio menos ruim que anteriormente).
Este impulso é atribuído, em grande parte, à forte procura no mercado norte-americano, onde os consumidores anteciparam as suas compras para aproveitar os benefícios fiscais federais para veículos elétricos antes do seu término, que deve acontecer no começo de outubro.
Situação da Tesla no mundo
O otimismo temporário em relação ao mercado dos EUA não se aplica ao resto do mundo, onde não há essa corrida pelo desconto antes que acabe. Na Europa, a situação da Tesla é particularmente duvidosa, com uma queda acentuada de 37% . A China, outrora um dos motores de crescimento da Tesla, também mostra sinais de estagnação, com uma diminuição de mais de 24 mil unidades vendidas este ano, indicando uma perda de ímpeto num dos seus mercados mais cruciais – e um dos poucos onde as decisões políticas de Elon Musk não parecem ter efeitos negativos. Lá, ainda cola a imagem de Tony Stark do mundo real.
Apesar da possível performance positiva no terceiro trimestre, o panorama para os próximos meses é do retorno do declínio. A previsão é, com o fim dos subsídios nos EUA, de uma queda acentuada no quarto trimestre e ao longo do ano de 2026. A concorrência intensa, especialmente por parte de empresas como a BYD, que avança em todos os mercados, é vista como o principal obstáculo. E, claro, não ajuda o CEO se chamar Elon Musk (exceto na China, mas lá a BYD é ainda mais poderosa).
Para além da competição, fatores macroeconómicos, como a inflação e a desaceleração económica global, também pesam sobre as perspectivas da empresa. A combinação destes elementos cria um cenário de incerteza que pode abalar a confiança dos investidores e dos consumidores. A análise também menciona a percepção de que a imagem da marca Tesla está a ser afetada negativamente, e que a tecnologia de autonomia total, embora promissora, poderá não ser suficiente para reverter a tendência de vendas em declínio.
No fim das contas, se realmente se concretizar o primeiro trimestre bom para a Tesla, pode acabar sendo o último.