Uma nova patente da Yamaha revela um sistema projetado para replicar de forma convincente a sonoridade, a vibração e o escapamento de um motor a combustão interna.
O sistema funciona com um falso cabeçote que desvia parte da energia do motor elétrico para uma função psicológica: replicar o ciclo de captura, compressão e exaustão de gases num motor convencional. O resultado é um barulho e vibração e até escapamento que lembram uma moto convencional. A diferença é que o gás é apenas ar e o resultado não é movimento, mas perda de eficiência.

A Yamaha justifica na patente que a sensação tátil e sonora é parte da experiência de direção, que muitos clientes sentem falta. Visto por fora, o conjunto simula até o mesmo aspecto de um motor a combustão interna, completando a ilusão de que o tempo não andou.
Que nos perdoe quem acha que sarcasmo nunca deve ser parte de jornalismo, mas o que se segue é necessário. A patente é uma solução para os problemas de as motos elétricas: 1) não incomodarem a vizinhança; 2) serem estáveis; 3) não desperdiçarem energia com ruído e vibração.
Não é a primeira vez na história humana que uma simulação do passado é criada na transição para novas tecnologias. Em 1899, o pastor adventista Uriah Smith inventou o Horsey Horseless (algo como “cavalinho sem cavalo”), um automóvel com cabeça postiça de cavalo, simulando a geração anterior da mobilidade. A patente (vista abaixo) foi preenchida, mas ninguém sabe se o veículo chegou a ser construído.
Verdade seja dita, a ideia do bom pastor era não assustar os cavalos, não os consumidores mais conservadores. Pela descrição na patente, o Horsey Horseless serviria para acalmar os colegas comedores de capim e de quatro patas com quem ainda se dividia a pista.