Em entrevistas dadas por seus executivosm as alemãs BMW e Audi revelam estratégias distintas em relação à transição para a eletrificação. Ao menos pelas palavras de seus executivos, a BMW dá a entender que nunca abandonará os motores a combustão interna (ICEs), enquanto a Audi redobra a aposta em elétricos.
Em entrevista ao Autocar India, Jochen Goller, membro do conselho diretor da BMW AG para consumidores, marcas e vendas, foi enfático: “ICEs e combustão não irão desaparecer. Nunca!”.
Gosser provavelmente estava pensando no consumidor indiano que, como os do Leste Europeu e do Oriente Médio, não tem se mostrado muito entusiasmado com a transição. Ainda que a BMW tenha investido muito em elétricos com sua linha Neue Klasse, a empresa nunca prometeu, como outras, abandonar os motores a combustão interna. A BMW está desenvolvendo uma nova plataforma de combustão interna e outra flexível, que permite diferentes motorizações, elétricas, híbridas ou ICE, para o mesmo modelo.
Do outro lado está a Audi. Em entrevista à revista alemã Wirtschaftswoche, seu CEO Gernot Döllner, decalrou que o carro elétrico é simplesmente melhor. “Eu não sei de nenhuma tecnologia melhor que o carro elétrico para obter progressos em reduzir as emissões de CO2 no transportes nos anos que virão”, afirmou. “Mas, mesmo sem considerar a proteção ao clima, o carro elétrico é simplesmente a melhor tecnologia.”
Resta saber o quão séria é a conversa. Em 2022, a Audi afirmou que seu último carro ICE seria produzido este ano. Em junho, mudou de ideia, e estendeu seu prazo para a abolição em 10 anos. A BMW também tem sua meta, mas é bem mais modesta: vender metade EVs e metade de ICEs em 2030.
As afirmações acontecem no contexto regulatório da União Europeia, que estabeleceu que novos veículos a combustão interna não poderão ser vendidos a partir de 2035 (que coincide com a nova meta da Audi). Fabricantes têm resistido e pedido por “flexibilização” da regra. O próprio CEO da Audi já afirmou que a empresa pode continuar a vender ICEs depois de 2035 dependendo da “preferência do consumidor”.