“Tesla é uma seita”, afirma famoso investidor de Wall Street que previu a crise de 2008

Investidor que já salvou muita gente que confiou nele aposta em todas as empresas Big Tech, menos a Tesla

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Publicado em: 10 de outubro de 2025

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Editado em: 10 de outubro de 2025 07:10

O renomado investidor Steve Eisman, cuja aposta de sucesso contra o mercado imobiliário em 2007 foi imortalizada no livro e filme A Grande Aposta (The Big Short), fez comentários incisivos contra a Tesla (TSLA) e sua base de acionistas, classificando-os como uma “seita”.

Eisman, interpretado por Steve Carell no filme, previu o crash do mercado imobiliário dos EUA, que levaria à grande recessão de 2008. Quem deu ouvidos a ele, se safou. Durante sua participação no podcast Lemonade Stand, o investidor criticou a desconexão entre a alta avaliação de mercado da Tesla e seus fundamentos financeiros em declínio.

A lógica do declínio ignorada

Investidor Steve Eisman no podcast do YouTube Lemonade Stand
Steve Eisman | Reprodução

Durante a entrevista, Eisman destacou o contraste entre o desempenho financeiro pífio da Tesla e o preço recorde de suas ações. Ele apontou que, embora o lucro da empresa tenha atingido seu pico em 2023, o valor da ação está cerca de 50% mais alto agora.

Ele fala sobre a Tesla e trazendo à mente investidor racional hipotético:

“Quero que você pense nisso da perspectiva de pessoas que fazem um trabalho [financeiro] fundamental de verdade e como pode ser difícil operar vendido. O pico da renda bruta da Tesla foi em 2022. A companhia ganhou, acho, algo como US$ 4,50 por ação e este ano acho que não vão passar de US$ 1,50. Então os ganhos caíram 60% entre 2022 até 2025. E a ação está um pouco maior. ”

Operar vendido (também chamado venda a descoberto) é quando alguém se movimenta contra uma ação no mercado, acreditando que seu preço vá cair. Isso geralmente é feito vendendo as ações ao preço atual e comprando novamente no futuro. Se o preço cair, o investidor lucra. Se subir, perde.

E lucro por ação é o quanto faturou no ano em comparação ao número de ações que ela tem – e esse número, salvo algumas decisões como a empresa dividir ou absorver ações, se mantém fixo. A Tesla tinha por volta de 3 bilhões de ações hoje e em 2022. Eisman errou de lembrar de cabeça, como notou o electrek. O lucro por ação da Tesla foi US$ 4,30 em 2023 e já havia caído a US$ 2 por ação no ano passado.

“Imagine que você é um analista em 2022 e você diz ao seu gerente de portfólio: ‘Eu tenho essa tese ótima… Os lucros de 2025 vão cair 60% em relação aos máximos de 2022… O que você acha?’. A resposta seria: ‘Vamos vender a descoberto o máximo que pudermos’”.

Como sabemos, quem vendeu a Tesla a descoberto em 2022 perdeu dinheiro – e não pouco. Teria que recomprar as ações da Tesla com um valor 50% mais alto. Isso é oposto ao que seria de se esperar de qualquer outra empresa.

Por que as ações da Tesla continuam subindo?

Eisman atribui essa dissociação entre valor e fundamentos a uma questão de crença no futuro, definindo-a como uma “seita”.

Ele explicou que a razão pela qual os investidores continuam comprando a TSLA, mesmo com a queda nos resultados, é a crença de que a empresa terá um desempenho excepcional em áreas não automotivas: “Eles acreditam sinceramente… que a Tesla vai se sair muito bem com robotáxis, IA e robôs, e que tudo isso será ótimo e é por isso que você compra Tesla”.

Para o investidor, este tipo de aposta baseada em promessas futuras, e não em balanços atuais, não pode ser refutada com argumentos lógicos. “Não há discussão contra isso. Você está discutindo contra algo que acontecerá no futuro, e as pessoas acreditam ou não”.

A sua conclusão reforça uma filosofia de investimento que ele já havia expressado: “tomar decisões de investimento olhando apenas para os fundamentos de empresas individuais não é mais uma filosofia de investimento viável”, dado que as avaliações de mercado se tornaram completamente desvinculadas dos fundamentos.

Embora Eisman seja cautelosamente otimista em relação ao mercado em geral, ele afirmou que possui ações de todas as Sete Magníficas – grupo formado por NVidia, Microsoft, Amazon, Apple, Alphabet, Meta e Tesla. É basicamente o que chamamos de “Big Tech”, mais uma provedora de hardware para IA (a NVidia) e o que ainda é uma montadora de carros. Possui de todas, menos da Tesla.

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