A Cixi, empresa francesa de bicicletas elétricas – ou, talvez mais apropriadamente, veículos híbridos de propulsão elétrica e humana – acaba de anunciar seu projeto mais ambicioso. O veículo de mobilidade urbana Cixi Vigoz será um desses híbridos humano-elétricos capaz de perfazer uma desumana máxima de 120 km/h. A ideia, segundo a Cixi, é preencher a lacuna entre as bicicletas elétricas e os carros convencionais.
É um triciclo com espaço para duas pessoas e pedais para o condutor. Os pedais, porém, não são conectados às rodas, mas no lugar disso servem para gerar eletricidade aos motores no chamado sistema PERS (Pedaling Energy Recovery System). A intensidade da pedalada controla a velocidade, inclusive ativando o freio regenerativo, como nos carros com condução com um pedal (será o nascimento da “condução com dois pedais”?).

Com capacidade para dois ocupantes, oferece uma cabine totalmente fechada. O design possui janelas deslizantes e um sistema de climatização. Ainda possui cintos de segurança de três pontos e um sistema de direção de inclinação ativa para estabilidade nas curvas, além de uma gaiola de absorção de colisões, como a de um carro.
Portando uma bateria de 22 kWh, o Vigoz tem uma autonomia prevista de 160 km e pode ser recarregado numa tomada convencional em cerca de seis horas. O protótipo já foi testado com sucesso, atingindo velocidades de 100 km/h, e os criadores planejam uma máxima de 120 km/h, o que o qualificaria para circular em rodovias como um carro convencional (pelas regras do Brasil, seria provavelmente classificado na categoria A, exigindo emplacamento e habilitação para motos).
Em tese, é possível andar só com o produzido pela força das pernas, mas manter a bateria com isso faria ele ser mais lento que uma bicicleta convencional (já que é mais pesado, e tem sistemas elétricos). Também é possível pedalar parado para carregar a bateria, mas boa sorte preenchendo 22 kWh com as pernas – uma pessoa pode produzir, em média, 100 Wh pedalando, o que significa que seriam necessárias 220 horas para preencher a bateria: 9 dias pedalando sem parar.
Assim, na prática, o Vigoz deve estar mais para um microcarro elétrico no qual se anda fazendo exercícios (cuja intensidade provavelmente será regulável). O que não é uma má ideia, mas a contribuição da pedalada para a propulsão é mais psicológica do que qualquer coisa.
Apesar de o preço ainda não ter sido revelado, a Cixi sugere que o Vigoz será posicionado para competir com scooters elétricas de alta qualidade e microcarros urbanos. O que significa que será extremamente caro para uma bicicleta, mas barato para um carro.