A China, dominando a produção dos carros elétricos, não está apenas participando da corrida da mobilidade — ela quer dar a bandeirada final. No dia 22 de outubro, a Sociedade Chinesa de Engenheiros Automotivos (CSAE) apresentou o Roteiro Tecnológico 3.0, um plano que pretende redefinir o conceito de transporte, eletrificação e indústria até 2040. Se os números se confirmarem, o país deve ter 80% dos veículos em suas ruas como elétricos e consolidar o domínio da condução autônoma de nível 4.
Não é exagero chamar o plano de ambicioso. Ele projeta o pico das emissões de carbono para 2028, dois anos antes do compromisso nacional, e uma redução de mais de 60% até 2040. Em outras palavras: menos fumaça, mais chips. Tudo em nome do tripé sagrado da nova mobilidade chinesa: zero acidentes, zero vítimas e alta eficiência.
O (quase) fim dos motores a combustão
Embora a meta soe como o fim dos motores tradicionais, a China não vai aposentar completamente o motor a combustão — apenas transformá-lo em um figurante híbrido. O roteiro prevê que, até 2040, 85% dos carros de passageiros serão de nova energia, e os elétricos a bateria responderão por 80% desse total.
O resto será composto por versões “meio-termo”: híbridos convencionais (HEV), plug-in (PHEV) e com gerador (EREV). Todos os veículos tradicionais vendidos a partir de 2035 deverão ser totalmente hibridizados. Ou seja, a gasolina ainda estará nos tanques, mas como coadjuvante em uma peça dominada pelas baterias.
Estradas inteligentes e carros que se dirigem sozinhos
Outro ponto crucial do plano é o desenvolvimento da chamada infraestrutura inteligente conectada, que criará um ecossistema “veículo-estrada-nuvem”. É a ficção científica se tornando rotina: o carro conversa com o asfalto, que conversa com os semáforos, que respondem à nuvem de dados.
Com isso, a China espera ver, até 2040, veículos autônomos de Nível 4 (que não exigem qualquer presença humana, mas permitem direção humana) circulando em massa — e os de Nível 5, sem lugar para motorista, começando a surgir no mercado. A promessa é de menos acidentes, menos engarrafamentos e menos humanos no comando.
Fábricas inteligentes, país onipresente
O Roteiro 3.0 vai além do produto. Ele quer mudar a forma como os carros são feitos. A nova fase prioriza a manufatura digital e de baixo carbono, conectando pesquisa, produção, fornecimento, vendas e serviços em um único sistema. A meta: reduzir custos, aumentar a eficiência e consolidar a China como potência industrial automotiva. Zhang Jinhua, presidente da CSAE, afirmou “As versões anteriores focavam mais na tecnologia de produtos; este ano, a tecnologia de produtos e a tecnologia de manufatura são as forças motrizes”.
A última peça desse quebra-cabeça é a bateria de estado sólido que, ao resolver os problemas com incêndios e melhorar a autonomia, é tida como o Santo Graal da eletrificação. A produção em pequena escala deve começar até 2030, com expansão global a partir de 2035. Essas baterias prometem maior segurança, custo competitivo e resistência a climas extremos — uma combinação com os quais a China pretende fazer com que carros elétricos enterrem de vez o motor a combustão .
Via: CarNewsChina.com