Elétricos a bateria deixam uma linha de montagem brasileira pela primeira vez em 50 anos

A última vez em que um BEV brasileiro foi produzido industrialmente foi com o Gurgel Itaipu de 1975 – e não foi em escala

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Publicado em: 24 de outubro de 2025

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Editado em: 24 de outubro de 2025 05:10

Foto de um carro elétrico BYD Dolphin sendo carregado num caminhão em Camaçari na Bahia
Dolphin Mini sendo preparado para entrega em Camaçari | BYD / Divulgação

Duas semanas após a inauguração oficial de seu complexo industrial na Bahia, o primeiro carregamento de carros nacionais da BYD deixou hoje sua fábrica, rumo ao Distrito Federal. O lote comercial é composto por 55 unidades do modelo BYD Dolphin Mini (um elétrico a bateria, BEV) todos na cor branca. Os carros são destinados às concessionárias do grupo Águia Branca em Brasília.

Para cumprir a rota, um conjunto de cinco carretas partiu de Camaçari durante a manhã, com cada carreta transportando cerca de dez carros. A viagem é uma operação logística significativa, cobrindo cerca de 1.400 quilômetros e com previsão de duração de três a quatro dias até à capital federal.

A BYD confirmou que novos carregamentos de veículos montados em Camaçari serão distribuídos no mercado nacional ainda neste mês.

Liderança ainda incontestável

Foto de múltiplos carros elétricos BYD Dolphin Mini num caminhão cegonha na Bahia
Dolphins deixando Camaçari | BYD / Divulgação

O embarque dos primeiros carros montados localmente é motivo de celebração para a empresa, que se consolidou como líder no mercado brasileiro, produzindo mais de 70% dos elétricos puros vendidos no Brasil. Com 3.392 unidades, o Dolphin Mini é, de longe, o BEV mais vendido e o 5º compacto mais vendido do país.

“Estamos muito contentes em oferecer ao mercado brasileiro este primeiro conjunto de veículos montados em Camaçari. Fizemos muito em tão pouco tempo para promover a mobilidade elétrica no Brasil e isto é um motivo de enorme satisfação para nós da BYD”, afirmou Tyler Li, presidente da BYD Auto do Brasil.

A inauguração da fábrica de Camaçari, cujas obras começaram em 2024, faz parte da estratégia de expansão da BYD no Brasil, com o complexo sendo o maior da companhia fora da Ásia. A BYD atua há mais de 10 anos no Brasil, trabalhando também com componentes eletrônicos, painéis solares e soluções de armazenamento de energia.

Itaipu 150: tentativa de um BEV brasileiro

Salvo erro, a última vez em que o Brasil teve um carro elétrico puro fabricado nacionalmente foi com o Gurgel Itaipu E150, em 1975. Entre 20 e 27 unidades (o número é incerto) foram fabricadas em fase experimental, sem a produção em escala. Em 1981, a Gurgel retornou a eletricidade com o furgão Itaipu E400. Mas aí era um furgão, não um carro: em termos de veículos grandes, a própria GWM produz chassis para ônibus e caminhões há 10 anos, e trólebus só estão sendo aposentados agora.

Foto do carro elétrico Gurgel Itaipu E150,
Itaipu E150 | Wikimedia Commons

O Itaipu E150 era folclórico comparado com a tecnologia de hoje. Tinha um motor de 3000 W/4,7 cv, equivalente a uma scooter que exige carteira. O problema era que, diferente de um scooter, ele pesava 780 kg, e a máxima do protótipo era 30 km/h (prometidos 60 km/h na versão final). A bateria, de 10,08 kWh, não era tão ruim assim – dava para 3 horas e 20 minutos de uso no consumo máximo (não havia freio regenerativo) e levava 10 horas para ser carregada.

Múltiplas propostas de BEVs brasileiros foram apresentadas, e híbridos nacionais não são novidade. Mas, depois do Itaipu bater na trave, BEV, BEV mesmo, e carro, carro mesmo, deixando a fábrica, só agora.

A exclusividade da BYD não deve durar muito: a GWM estreou sua fábrica em Iracemápolis (SP) em agosto, antes da BYD mas, por enquanto, produz apenas híbridos. Outras montadoras de elétricos chinesas – GAC, Geely e Leapmotor – também anunciaram planos para fabricar por aqui.

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