
A França inaugurou o primeiro sistema de carregamento por indução dinâmico (isto é, sem fio e em movimento) implementado em uma rodovia com tráfego real no mundo. O projeto, que permite que veículos elétricos sejam carregados enquanto estão em movimento, está operacional em um trecho de aproximadamente 1,5 quilômetro da autoestrada A10, a sudoeste de Paris.
A tecnologia, desenvolvida pela empresa Electreon e liderada pelo consórcio VINCI Autoroutes, busca atender a demandas de carregamento em movimento, em particular de veículos de grande porte.
Os resultados iniciais dos testes em condições reais de tráfego confirmam o desempenho do sistema. Laboratórios da Universidade Gustave Eiffel verificaram que o sistema de carregamento indutivo é capaz de fornecer uma potência de pico superior a 300 kW, com uma média acima de 200 kW.
Em comparação, o Supercharger V3 da Tesla, tem uma potência máxima nominal de 250 kW. Aqui no Brasil, é raro achar carregadores acima de 120 kW e o eletroposto mais potente da cidade de São Paulo tem 200 kW.
Foco nos caminhões elétricos
O 1,5 km de extensão faz do sistema apenas um teste – a 60 km/h, seria possível abastecer cerca de 5 kWh no percurso. Mas é uma demonstração de um potencial para sistemas que permitem rodagem com autonomia indefinida.
O potencial desta tecnologia é considerado “bastante alto”, especialmente para o segmento de caminhões pesados. Atualmente, quatro veículos estão equipados com o hardware necessário para o carregamento dinâmico na A10, incluindo um caminhão de grande porte, um veículo utilitário, um carro de passageiros e um ônibus.
A capacidade de carregar caminhões enquanto dirigem é uma potencial solução para a logística de longa distância. Trechos longos seriam suficientes para estender consideravelmente a autonomia desses veículos. Ao poderem carregar em movimento, os caminhões poderiam, também, funcionar com baterias menores, o que reduziria a quantidade de matérias-primas e terras raras necessárias.
O CEO da VINCI Concessions, Nicolas Notebaert, afirmou que a implantação desta tecnologia nas principais redes rodoviárias, em complemento aos postos de carregamento, “acelerará ainda mais a eletrificação das frotas de veículos pesados – e, consequentemente, reduzirá as emissões de gases de efeito estufa do setor de fretes e logística, que por si só responde por mais de 16% do total de emissões do país”.
A equipe responsável pelo projeto assegura que o pavimento que aloja as bobinas de carregamento foi construído para resistir a décadas de desgaste e tráfego. Embora existam outros projetos de carregamento sem fio em estradas (em países como Estados Unidos, China, Noruega e Israel), este é o primeiro a ser implementado e disponibilizado em uma autoestrada com tráfego real.
Via Vinci