A Honda Aircraft Company anunciou que se tornou a primeira fabricante de jatos executivos leves com turbina dupla a realizar um voo de teste bem-sucedido utilizando uma mistura de 100% de combustível de aviação sustentável (SAF).
É um recorde bastante específico – o primeiro voo com 100% SAF foi em 2023, com um avião muito maior. Um Boeing 787 da Virgin Atlantic fez o percurso entre Nova York e Londres usando uma mistura de querosene sintético produzido a partir de plantas e HEFA (ésteres e ácidos graxos hidroprocessados – basicamente restos de gordura vindos da indústria reprocessados em combustível).
Mas o recorde é significativo, porque até agora os jatos da Honda só estavam autorizados a voar com 50% de combustível de aviação sustentável. O teste bem sucedido é o resultado da colaboração entre a Honda Aircraft Company com a GE Honda Aero, a joint venture entre a General Electric e a Honda responsável pelo design dos motores HF120 que equipam o HondaJet.
O modelo de produção do HondaJet foi abastecido com uma mistura de combustíveis SAF similar à do voo das Virgin, com HEFA e querosene sintético. A aeronave sobrevoou a área de Greensboro, na Carolina do Norte (EUA), antes de pousar com sucesso na sede mundial da empresa, no Aeroporto Internacional Piedmont Triad (Carolina do Norte). Os dois pontos ficam a 26 km de distância.
Esta demonstração segue testes anteriores. Em 2022 e 2023, a GE Honda Aero já havia concluído com sucesso testes do motor HF120 utilizando misturas de SAF a 100% – em solo. No momento, as aeronaves HondaJet em serviço podem operar com misturas aprovadas de SAF de até 50%.
Um passo para a descarbonização
“Estamos imensamente orgulhosos de nossa equipe de engenharia por levar adiante nosso compromisso com o futuro da aviação, demonstrando que o HondaJet é capaz de operar com uma mistura de SAF a 100%”, disse Amod Kelkar, Vice-Presidente Sênior e Diretor Comercial da Honda Aircraft Company.
O HondaJet já detém há dez anos o status de jato mais eficiente em sua classe devido ao seu design exclusivo que foca na manutenção do fluxo laminar em toda a aeronave, o que oferece uma melhoria de até 20% na economia de combustível em comparação com aeronaves comparáveis. A Honda Aircraft Company também foi premiada com a Acreditação de Departamento de Voo Sustentável pela National Business Aviation Association (NBAA) em outubro de 2024.
Fundada em 2006, a Honda Aircraft Company é uma subsidiária integral da American Honda Motor Co., Inc.. Em 2024, as entregas acumuladas do HondaJet ultrapassaram 250 aeronaves globalmente.
Este feito é visto pela empresa como um passo crucial para alinhar suas atividades de negócios com a meta global da Honda de descarbonizar suas operações até 2050.
O que é o combustível de aviação sustentável?
Aviões – mais especificamente, jatos – não são bons candidatos para a eletrificação. Existem eVTOLS, mas são movidos a hélices e seu uso previsto é urbano e de curto alcance.
“Enquanto aeroplanos elétricos a bateria reduzem as emissões durante o voo, eles estão limitados em alcance pela densidade energética atual das baterias”, afirmam os cientistas suecos Martin Lindberg e Jennifer Leijon no estudo Electrifying aviation: Innovations and challenges in airport electrification for sustainable flight (“Eletrificando a aviação: Inovações e desafios na eletrificação de aeroportos para o voo sustentável”). “Para alcançar longas distâncias, outros combustíveis são necessários e podem ser usados em veículos não elétricos, turboelétricos ou híbridos.”
Existem projetos de aviões com turbinas elétricas (mais corretamente: turbofans), ainda são especulativos. A ideia é tão avançada que um dos maiores desenvolvedores é ninguém menos que a NASA.
O conceito Susan Electrofan é um avião híbrido com uma turbina convencional (com combustível de aviação sustentável) gerando energia para motores elétricos. O nome vem de SUbsonic Single Aft eNgine (“motor subsônico único na traseira”). Mas por enquanto só existe em renderizações como a abaixo. A Nasa prevê ter alguma integração para a metade dos anos 2030.
Até então (e só se der tudo certo), a aposta mais certeira para a aviação de longa distância é mesmo a dos combustíveis sustentáveis.