Segundo reportagem do portal Politico, o Departamento de Energia (DOE) dos Estados Unidos está banindo o uso de termos científicos e ambientais em suas comunicações oficiais. São termos que associam a produção de energia aos riscos ambientais, num esforço em se alinhar à realidade paralela negacionista, na qual o governo Trump e seus apoiadores parecem existir.
Um e-mail que vazou sexta passada ao Político inclui entre as expressões censuradas estão “mudanças climáticas”, “descarbonização”, “emissões” e até “verde”.
“Por favor garanta que todos os membros de sua equipe estejam cientes que esta é a mais recente lista de palavras a evitar – e tenha a consciência de evitar qualquer terminologia que você sabe não estar alinhada com as perspectivas e prioridades da Administração”, afirma a diretora de assuntos externos Rachel Overbey no e-mail.
Outros termos proibidos são “transição energética”, “sustentabilidade/sustentável”, “energia limpa”/“energia suja”, “carbono”, “CO2”, “pegada” e “descontos de impostos”/“subsídios”/“créditos”.
Na visão negacionista, “benefícios” do aquecimento global
O discurso antiambiental do governo Trump trata a ciência climática como uma conspiração contra a economia (de perigosos comunistas) e coloca quaisquer avanços em energia e mobilidade dos últimos 30 anos como inimigos do progresso econômico. Desde que ele assumiu, o governo saiu do Acordo de Paris, lançou uma ordem executiva para aumentar a mineração e uso de carvão e encerrou um subsídio dado a veículos elétricos – entre muitas outras decisões.
“Eu estava certo sobre tudo e estou dizendo a vocês que, se você não der fim à farsa da energia verde, seu país vai falhar”, disse Trump num pronunciamento na quinta passada. O governo circulou um relatório que nega o papel das emissões, e contém até uma parte falando que os benefícios de um planeta mais quente são subestimados.
Descontando o fato de que pessoas de extrema direita também vivem no Planeta Terra, ao fingir que estamos nos anos 80, Trump está entregando o futuro da energia para a China, e condenando seu país ao status de um produtor de tecnologias obsoletas. E isso não é o evdrops dizendo, é o arquiconservador Wall Street Journal – com o que economistas tendem a concordar.