Histórica marca britânica, MG Motor chega ao Brasil com linha puramente elétrica

Montadora britânica com um passado extremamente conturbado pertence hoje aos chineses e estreia com 3 modelos BEV

|

Publicado em: 11 de novembro de 2025

|

Editado em: 12 de novembro de 2025 12:11

Foto do carro MG Cyberster
O Cyberster | MG Motor / Divulgação

Após uma considerável espera, a MG Motor chega ao Brasil.

Marca esportiva originalmente britânica, hoje propriedade da SAIC (o maior fabricante chinês), a MG tem mais de 100 anos de uma turbulenta história (que contamos ao final). Em seu auge, já fez frente a grandes como a Jaguar e Triumph. A empresa vem com 3 modelos, todos eletrificados: o roadster MG Cyberster, o SUV MGS5 e o hatch MG4.

“O Brasil é um mercado muito importante para a MG, pois além de uma superpotência na América Latina, representa uma oportunidade única para mostrarmos a força da marca em um país onde a indústria automotiva sempre teve papel fundamental”, declarou Gang Wu, CEO da MG Motor para América do Sul. ”E por se tratar de um setor que está em constante evolução, queremos que o público brasileiro vivencie essa nova fase da mobilidade eletrificada com a MG, unindo a nossa tradição e elegância ao que há de mais avançado em inovação e tecnologia da SAIC Motor.”

Para solidificar essa chegada à superpotência (obrigado, Wu!), a MG planeja uma rápida expansão de sua rede. A marca trabalha para abrir 24 concessionárias antes do fim deste ano, totalizando 70 até o fim do próximo. A fase inicial pretende abrangir as capitais do Sudeste, Sul e Centro-Oeste do Brasil, além do interior do estado de São Paulo, chegando a todas as capitais e regiõies ano que vem.

Os 3 modelos para o Brasil

“Nosso planejamento de chegada ao mercado brasileiro envolve um portfólio de veículos 100% eletrificados nesse primeiro momento, totalmente pensado para os interesses do consumidor brasileiro”, comentou Flavio Guzmán, diretor de Marketing, Produto, Marca e PR. “Esse é um primeiro passo de nossa jornada na região e reforça o nosso compromisso de longo prazo com o Brasil.”

Essa chegada 100% com BEVs é um contraste interessante com outra recém-chegada chinesa, a Jetour, que trouxe apenas híbridos falando do “cenário brasileiro”.

MG Cyberster: O Legado Esportivo

Como oferta mais esportiva da marca o MG Cyberster é um roadster. Seu design, inspirado nos clássicos conversíveis do auge da marca, se foca em visual e desempenho. Equipado com tração inteligente (integral sob demanda), o Cyberster é dotado de até 510 cv de potência e torque de 725 Nm. Com esses números, ele é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 3,2 segundos.

O modelo oferece uma autonomia de 342 km (padrão Inmetro) e conta com freios Brembo. O tempo estimado de recarga parcial é de 38 minutos (de 10% a 80%) em carregamento rápido de 150 kW. O interior prioriza um cockpit imersivo com três telas, painel de comando digital e acabamentos em couro.

O Cyberster também se faz notar por suas portas em tesoura, outra referência a carrões do passado. Ele chega a R$ 499.800,00 – como era de se esperar, no topo da linha da MG.

MGS5: Versatilidade e Eficiência

O MGS5 chega como uma oferta média, um SUV que combina utilidade com emoção. Este modelo é impulsionado por um motor elétrico com potência de até 305 cv e torque de 350 Nm. Com tração traseira, ele acelera de 0 a 100 km/h em 6,3 segundos. Sua autonomia é de 351 km (padrão Inmetro), e o carregamento rápido de 10% a 80% leva apenas 26 minutos.

Disponível na versão Luxury, o MGS5 conta com o sistema One Pedal Drive para uma condução mais econôica (e que alguns donos de elétricos já se acostumaram). O S5 conta com abertura do porta-malas sem toque e teto-solar panorâmico e um porta-malas ampliado com capacidade de até 1.141 litros.

O preço de estreia (é promocional) é R$ 219.800.

MG4: Inovação Urbana e Prioridade Global

Completando o trio inicial, o MG4 é o hatch elétrico urbano. Ele oferece um pacote mais esportivo que o SUV. A versão 2025/26 do modelo, que acaba de ser lançada globalmente, chegará primeiro em solo brasileiro (sentiu a superpotência?). Disponível na versão Xpower, o hatch oferece potência máxima de 435 cv e torque de 600 Nm, atingindo de 0 a 100 km/h em 3,8 segundos. A autonomia é de até 279 km (padrão Inmetro), e o carregamento rápido alcança de 30% a 80% em 22 minutos.

Pacote em comum

Todos os três modelos de lançamentovêm equipados com o MG Pilot. Trata-se de um pacote de segurança ativa ADAS (Sistemas Avançados de Assistência ao Motorista). Este sistema inclui recursos como controle de cruzeiro adaptativo, alerta de tráfego cruzado traseiro, assistente de permanência em faixa e frenagem automática de emergência.

O sistema de conectividade da MG, o iSmart, permite que os proprietários controlem e monitorem remotamente o carro por meio de seus smartphones. As funções incluem a verificação de status do veículo (nível de bateria, pressão dos pneus), acionamento de travas, controle do ar condicionado, localização, planejamento de viagens com carregamento, e previsão de tempo.

Todos os veículos possuem uma garantia de 7 anos para o carro e 8 anos para a bateria. Estão incluídos também conexão 4G embarcada e road assistance 24 horas, ambas por 2 anos sem custo.

Como condição especial para o lançamento, a MG oferece ainda um Wallbox residencial de 7 kW para instalação, um carregador portátil de 3,4kW para uso no veículo e taxa 0% de financiamento. A marca afirma que já chega ao Brasil com um estoque de peças, para dar suporte imediato aos compradores em suas concessionárias.

A história conturbada da MG

O clássico MGB de 1970 | Sicnag / Wikimedia Commons

A história da MG é uma das mais turbulentas da indústria. Nascida em 1924 a partir da Morris Garages, sob a visão de Cecil Kimber, a marca rapidamente se tornou um ícone britânico de carros esportivos ágeis e acessíveis.

No entanto, sua independência foi curta. Em 1952, foi absorvida pela British Motor Corporation (BMC), iniciando um longo período de fusões que a levou, em 1968, para dentro do problemático conglomerado British Leyland (BL). Sob a gestão da BL, a MG sofreu com falta de investimento e competição interna com outras marcas do grupo, como a Triumph, culminando no fechamento de sua histórica fábrica de Abingdon em 1980 e na redução da marca a meras versões esportivas de modelos da Austin Rover.

A instabilidade continuou nas décadas seguintes. A marca passou pelas mãos do Rover Group, da British Aerospace e, em 1994, da BMW, que orquestrou um breve renascimento com o lançamento do popular roadster MG F. Contudo, em 2000, a BMW desfez-se do grupo, levando à formação do independente MG Rover Group. Esta entidade lutou para sobreviver, mas acabou entrando em liquidação judicial (falência) em 2005, parecendo ser o fim definitivo da marca.

A salvação veio da China, com a compra dos ativos pela Nanjing Automobile Group (NAC) em 2005, que, por sua vez, foi adquirida pela gigante estatal SAIC Motor em 2007. Foi a SAIC que estabilizou a empresa e iniciou sua atual fase de revitalização e expansão global, agora com foco total na eletrificação.

MAIS LIDAS

Se um liquidificador é barulhento, por que um carro elétrico é silencioso?

Todo mundo conhece motor elétrico desde criancinha e eles não são silenciosos; por que então carros elétricos são silenciosos?

Melhor que o Dolphin? Testamos o “matador de golfinhos” Geely EX2

O Geely EX2 esbanja características técnicas melhores que os concorrentes, mas esse matador tem uma alma gentil

Tecnologia de refrigeração permite carregamento de EVs 200% mais rápido

Em testes da Universidade de Warwick, o tempo de, carregamento de 0% a 80% foi reduzido de 30 minutos para 10 minutos

Conteúdo Relacionado

Assine a nossa newsletter

Assine a nossa newsletter