A diretora-presidente da fabricante nacional de ônibus Eletra Industrial, Milena Braga Romano, afirmou em painel da COP30, que o Brasil ultrapassará o Chile e o México e se tornará o país com a maior frota de ônibus elétricos da América Latina até dezembro de 2026. A declaração foi feita no painel Descarbonização nos Transportes, realizado na Green Zone do evento e promovido pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
A projeção apresentada na conferência da ONU é baseado em números da própria marca. Segundo a executiva, a Eletra já possui 650 ônibus elétricos encomendados para entrega até abril de 2026, sendo a maioria destinada à capital paulista. Outros lotes de encomendas já estão em fase de negociação.
Segundo a Eletra, atualmente, o Brasil possui uma frota ativa de 1.158 ônibus elétricos. Deste total, a fabricante nacional detém 62% de participação de mercado. ”O Brasil será líder em ônibus elétricos na América Latina passando Chile e México até dezembro de 2026 e as encomendas para a Eletra serão o ponto chave para esta posição”, afirmou Milena durante o painel.
São Paulo domina a eletrificação
Os dados revelados na COP30 mostram uma forte concentração da eletrificação no Sudeste. Do total da frota brasileira atual, mais de 80% dos veículos circulam na cidade de São Paulo, que atingiu a marca de 1.009 unidades em outubro.
O milésimo ônibus da cidade foi um modelo da Eletra: um veículo de 15 metros, três eixos e capacidade para 100 passageiros, que hoje opera pela empresa Transpass na Zona Oeste.
Durante sua fala em Belém, a presidente da Eletra destacou que os principais entraves técnicos que freavam essa expansão foram superados. Segundo ela, os problemas relacionados à falta de infraestrutura de distribuição de energia nas garagens foram solucionados.“ Agora, com os principais problemas de infraestrutura superados, o ritmo de eletrificação na cidade de São Paulo vai se ampliar”, afirmou, elogiando o trabalho do prefeito Ricardo Nunes nas decisões que levaram à eletrificação da frota.
Força da indústria nacional
O painel na COP30 também foi usado como palco para uma discussão de política industrial. Milena acredita que o Brasil corre pode perder uma oportunidadese não incentivar a indústria local.
“O momento é agora”, afirmou a executiva. “Na era do diesel, o Brasil foi um dos principais fornecedores de ônibus para o mundo. Com os elétricos, esta posição é ainda dos chineses. Mas temos indústria local, flexibilidade que nenhum outro produto tem de se adaptar a diferentes operações e conhecimento. O mundo já nos procura. Não vamos, enquanto país, perder esta chance”,
