Uma startup de tecnologia do Reino Unido, a HydroHertz, anunciou nesta quinta-feira (13) o que chama de uma solução revolucionária para um dos maiores entraves na adoção dos veículos elétricos (em particular os comerciais): o tempo de recarga. A empresa lançou a DectraValve, um novo sistema de gerenciamento térmico para a refrigeração (ou arrefecimento) da bateria de EVs que, segundo ela, permitiu uma recarga duas vezes mais rápido que o normal.
A Dectravalve é uma válvula de resfriamento que atinge a bateria em 4 partes separadas. Segundo a Hydrohertz, isso permite que ela possa resfriar com mais eficiência as partes da bateria que se aquecem de forma irregular.
O aquecimento é uma das maiores razões para a lerdeza na recarga de baterias. Quando ele é detectado, o sistema automaticamente desacelera a recarga para proteger o conjunto.

Quando uma grande quantidade de energia é injetada, as células se aquecem – isso é familiar para qualquer pessoa que tenha um celular. Os sistemas de refrigeração atuais geralmente usam placas de dissipação na base ou topo do módulo da bateria, dissipando universalmente. Essas placas muitas vezes não conseguem dissipar esse calor de forma uniforme, com partes mais distantes delas se aquecendo mais do que as próximas. Isso cria pontos de calor em certas células, o que, além de atrasar o carregamento, acelera a degradação química e reduz a vida útil.
A promessa da Dectravalve é simples: ela pode se focar de forma independente em 4 ou mais partes da bateria, de forma a manter uma temperatura uniforme. E não é só promessa: ela foi testada por engenheiros do Warwick Manufacturing Group, o laboratório de fabricação da Universidade de Warwick (Reino Unido). Os resultados foram manter uma temperatura sempre abaixo de 44,5 ºC, e uma diferença máxima entre as partes da bateria de 2,6 ºC. Em comparação, outra bateria de EV chegou a 56 ºC, com até 12 ºC de diferença entre as partes. Geralmente o processo de carregamento tem sua velocidade reduzida após os 50 ºC.
No carregamento feito nesses testes, foi possível ir de 10% a 80% em dez minutos, contra o carregamento de uma bateria regular de controle, que levou 30 minutos, ambas a 350 kW. Na prática, uma bateria que pode carregar 50 kWh em uma hora, carregaria 150 kWh no mesmo perído usando a Dectravalve: um aumento de 200%.

(Esses números no teste são padrão da indústria, porque não se recomenda carregar a até 100% e nem deixar chegar perto do 0%. Além disso, a velocidade de carregamento aumenta muito a partir de 80%.)
“A Dectravalve resolve um problema fundamental nos sistemas de controle térmico de bateria – como atingir uma zona de controle de temperatura realmente independente sem a complexidade, peso e desperdício de múltiplas estruturas de carregamento“, afirma Martyn Talbot, CEO da Hydrohertz. “Nossa inovação é elegantemente simples: uma única unidade controlada digitalmente que pode controlar quatro ou mais zonas de resfriamento separadamente.”
A tecnologia, na versão atual, não é um produto para o consumidor, mas uma proposta para os fabricantes, considerada pronta pela Hydrohertz.