
A Ford acaba de anunciar que a sua futura ranger eletrificada, com chegada prevista para 2027, terá um detalhe exclusivo para o Brasil: poderá funcionar com também etanol. Será, assim, uma híbrida plug-in (PHEV) flex.
Ainda que uma série de más notícias sobre a eletrificação tenha partido da Ford (e também motivos para otimismo), os híbridos não foram atingidos. Mesmo com a empresa tendo deixado de fabricar no Brasil em 2021, a Ranger (que é produzida na Argentina e não vende nos EUA) é o 6º comercial leve mais vendido do país, segundo o relatório da Fenabrave.
Segundo a Ford, a picape será fabricada na “América do Sul” – o que, salvo um grande anúncio, só pode significar a planta em General Pacheco, na Argentina. E, com o Brasil sendo o único país do mundo onde o etanol é universalmente adotado, será uma exclusividade para o Brasil (salvo também um grande anúncio de outro país).
Como PHEVs flex precisam ser criados só para o Brasil, na prática ainda estão para estrear, com diversas promessas de montadoras para breve.
Desenvolvimento nacional
A novidade não será fabricada no Brasil, mas será desenvolvida aqui. Ainda que a Ford não tenha mais fábricas, ela manteve algumas instalações. Uma delas é o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia de Tatuí, no interior de São Paulo. A Ford anunciou que a unidade, um campo de provas com mais de 45 anos de história, está recebendo o primeiro passo de um novo ciclo de investimentos da marca na engenharia brasileira.
Para apoiar projetos como o da Ranger flex híbrida, o complexo de Tatuí inaugurou duas novas instalações. A primeira é o Ford Academy, um centro de treinamento de 800 metros quadrados com capacidade para 150 pessoas. A segunda é o novo Centro de Diagnóstico Avançado de Engenharia. Construída junto à pista de testes, a estrutura de dois andares permitirá que os engenheiros processem, analisem e compartilhem dados coletados em tempo real com outros centros de desenvolvimento da Ford ao redor do mundo. Segundo a empresa, isso permite implementar ajustes de hardware e software de forma mais rápida e eficiente.
“O desenvolvimento do motor flex da Ranger Híbrida Plug-in é mais um projeto importante confiado ao time de engenharia da Ford na América do Sul”, afirma André Oliveira, diretor de Programas Veiculares da Ford América do Sul. “Uma etapa importante desse trabalho está sendo realizada no nosso Centro de Testes de Tatuí, que agora está ainda mais moderno e eficiente com novas instalações.”
Será que a Ford volta?
Segundo a empresa, o papel dos brasileiros não é apenas o de localizar produtos para o Brasil. Atualmente, a equipe de engenharia da Ford na América do Sul, composta por mais de 1.500 profissionais, é responsável por três das oito famílias de motores da Ford no mundo. Além de Tatuí, o centro de desenvolvimento da Ford no Cimatec Park, em Camaçari (BA), também está em expansão.
Com investimentos assim, é tentado pensar: será que a Ford tem alguma surpresa guardada para o Brasil? Seus projetos em andamento focados em eletrificação de baixo custo podem mudar o seu papel no mercado nacional. No ano passado, o executivo Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford na América do Sul, afirmou a veículos de imprensa brasileiros que poderia acontecer da Ford voltar a fabricar aqui, dependendo da evolução da eletrificação no país. Um investimento alto num híbrido plug-in, que se conecta à rede elétrica e pode funcionar sem combustível, é um sinal de que eles acreditam que a eletrificação esteja avançando.
Via Ford