Um novo estudo revela que, no mesmo mês em que as vendas de veículos elétricos nos EUA caíram 53%, o interesse do consumidor atingiu seu maior nível desde janeiro – e que atuais donos são extremamente fieis.
O E-Vision Intelligence Report de novembro de 2025, da consultoria J.D. Power, detalha o impacto imediato do fim do crédito fiscal federal de US$ 7.500. Em outubro, o primeiro mês completo sem o incentivo, as vendas de EVs caíram 53% e representaram apenas 6,0% das vendas totais de veículos novos, uma queda drástica em relação aos 12,9% de setembro.
O estudo argumenta que essa queda não representa uma mudança real no sentimento do consumidor, mas sim um “efeito rebote” de compradores que correram para garantir o desconto nos meses anteriores.
A prova, segundo a J.D. Power, está nos dados de consideração de compra. Em outubro, a porcentagem de compradores de veículos novos que se declararam “muito propensos” a considerar um EV nos próximos 12 meses subiu para 24,2%, um aumento em relação aos 21,6% de setembro e o maior nível registrado no ano. Se somados aos consumidores “um pouco propensos” (35,5%), a consideração total chega a 59,7% de todos os compradores.
Quem comprou, não se arrepende
Um dos mitos que o estudo derruba é o do suposto arrependimento do comprador de veículos elétricos. Os dados da J.D. Power mostram que os proprietários atuais são os maiores entusiastas da tecnologia.
Uma esmagadora maioria de 94% dos atuais proprietários de EVs afirmam que definitivamente irão (79%) ou provavelmente irão (15%) considerar outro VE para sua próxima compra. Apenas 47% deles considerariam um híbrido plug-in, e 72% não considerariam um carro a combustão interna.
Esse dado é decisivo, pois o mercado enfrentará um grande teste de lealdade em 2026, quando 243.000 contratos de leasing (aluguel de longo prazo) de EVs chegarão ao fim, mais que o triplo do volume de 2025. Os dados de 2025 já mostram uma tendência forte: 62% dos clientes que devolveram um EV alugado optaram por comprar ou alugar outro EV novo.
É a economia
O principal motivo pelo qual os proprietários atuais escolheram seus EVs foi a expectativa de custos operacionais mais baixos (57%), seguido pelos finados incentivos fiscais (51%) e pelo desempenho de direção (48%).
O estudo confirma que, para a vasta maioria, a promessa de economia foi cumprida. 86% dos proprietários de VEs afirmam que seus veículos são menos caros de operar do que um veículo a gasolina (60% dizem “muito menos caro” e 26% “um pouco menos caro”). Apenas 7% relataram que o VE é mais caro.
Para Brent Gruber, diretor executivo da prática de veículos elétricos da J.D. Power, embora o fim dos incentivos afete o cálculo de valor, os EVs estão consistentemente atendendo ou superando as expectativas dos proprietários em custos operacionais.
O relatório conclui que, embora os próximos meses sejam desafiadores para o volume de vendas devido ao fim dos subsídios, o fundo não cairá mais ainda. O interesse do consumidor está em alta e a satisfação dos proprietários atuais garante uma base sólida de clientes que retornarão ao mercado.
Interesse nos usados
Uma informação que corrobora os achados da J.D. Power é que os elétricos dispararam no interesse do mercado de usados nos EUA, com a lista dos mais vendidos dominada por eles. E o custo também é um fator dominante: os veículos simplesmente estão mais baratos, e isso se soma à já superior economia em uso e manutenção.
E também indica que a nova estratégia da Ford pode estar correta. O CEO da empresa disse que, no lugar de investir em modelos caros e prestigiosos, como o Mustang Mach-E e a F-150 Lightning, o futuro está em veículos elétricos baratos e econômicos. Algo que os motoristas de aplicativo do Brasil estão descobrindo agora.
Via J.D. Power
